Plano de Aposentadoria

Plano de Aposentadoria

(The Retirement Plan)

Para aqueles que gostaram de Red: Aposentados e Perigosos (2010), esse filme é para vocês!

Tim Brown (A Criatura Sombria) constrói um filme de ação cuja mensagem vai além das cenas de luta, ele traz consigo humor e até mesmo uma pitada de críticas.

O longa se inicia com Ashley (sim, a Ashley de Crepúsculo) claramente ansiosa em seu carro enquanto escutamos sons do famoso “tiro, porrada e bomba”. Em seguida, entendemos que o homem desesperado que entra em cena é seu marido, que está com algo de valor de algum vilão chamado Donnie, interpretado por Jackie Earle, e traz consigo a melhor atuação do filme até então, diga-se de passagem.

É então que Ashley é obrigada a enviar sua filha para longe, para sua própria proteção e o grande Nicolas Cage (O Peso do Talento) entra em cena como uma espécie de espião aposentado do Tio Sam chamado Matt, que vive sua aposentadoria como muitos sonham: bêbado nas praias das Ilhas Cayman.

É com o protagonista em cena que vemos o filme de fato começar, em Matt temos um personagem claramente desajeitado e caótico, já que o fato de Nicolas Cage ser o “vovô” da história é trazido à tona com grunhidos, frases atrapalhadas, e piadinhas avulsas que de fato, trazem risadas à tona.

Claro que Matt está longe de ser Frank Moses em Aposentados e Perigosos, Cage não quer ser o herói tradicional, e sim aquele que se aposentou e do nada está tendo que lutar pela vida de sua família.

Família essa que ele sequer sabia que tinha, afinal o Tim Brown usa da relação de Matt e sua filha, Ashley (interpretada por Ashley Greene), como uma ferramenta de questionamento sobre a responsabilidade parental vista por adultos.

Já que pela maior parte da vida de Ashley, Matt estava sendo o herói clássico, ou seja, bem longe de casa. Além disso, o longa quer bagunçar a distinção entre “heróis” e “vilões”, ao indagar quando e por que determinadas narrativas optam por posicionar seus personagens de um lado ou outro das histórias.

Bobo, interpretado por Ron Perlman (Hellboy), é um estudioso de Shakespeare que nunca parece à vontade em sua vida de crime, e é o exemplo ideal dessa bagunça. Bobo acaba sequestrando e se tornando a babá da neta de Matt durante a bagunça central do filme, e de repente se vê conversando sobre Shakespeare, jogando dados e comendo pizza com a criança.

Diante dessa história até que cativante e que rende risadas gostosas e sorrisos sinceros, o meu pesar vai para o fato do filme não ter uma linguagem visual condizente com seu enredo leve e divertido. Não que Tim Brown não o tenha tentado, mas é aquele ditado: menos, é mais!

O diretor se apoia em elementos estéticos como um som de chicote que surge sempre que um personagem é introduzido à trama, junto de um efeito similar ao da Avenida Brasil do rosto do ator congelado com cores fortes que não estão presentes em uma identidade visual definida do filme, já que ela não existe. A mixagem de som, há um contraste notável entre  a reprodução do chicote e os diálogos anteriormente apresentados.

Há infinitas mudanças de cenários com legendas engraçadas e piadas visuais, para realçar o tom farsesco do filme.

Como resultado temos um filme de ação com algumas boas cenas, diálogos onde Cage consegue resgatar  seus trocadilhos e piadas, um roteiro que  focado em uma grande lição de moral.

Ana Melchires

Editora: Karina Kiss

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